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Web 3.0: O Quinto paradigma cultural pós-Gutenberg e os criadores digitais

Updated: Jan 20, 2023

“A imprensa é um exército de vinte e seis soldados de chumbo com os quais você pode conquistar o mundo”. Johannes Gutenberg, inventor da imprensa


Gutenberg e a invenção da imprensa


Johannes Gutenberg (1400-1468) foi um inventor, gravador e gráfico do Sacro Império Romano-Germânico, tendo desenvolvido o sistema mecânico que levaria a humanidade à chamada Revolução da Imprensa, considerada por muitos estudiosos como a mais importante invenção do segundo milênio.


O trabalho de Gutenberg teria alto impacto em eventos posteriores, como a Renascença do final da Idade Média, já que houve várias Renascenças desde o século XII, a Reforma Protestante, que além de mudar os rumos da religião ocidental, também trouxe consigo a ideia da universalização do ensino, e da Revolução Científica, que também mudaria a forma como os estudiosos lidam com a natureza e suas complexidades.


Imagine que, até 1455, ano em que Gutenberg lançou oficialmente a sua grande invenção, todo livro era um manuscrito, ou seja, por mais páginas que tivesse uma publicação, ela deveria ser escrita toda a mão. Essa arte ficava a cargo dos chamados monges copistas, que se destacavam por conta da bela caligrafia e das chamadas iluminuras, aquelas letras rebuscadas que vemos no início de cada página de um livro antigo, também chamadas de letras capitulares.


Você deve imaginar que, para adquirir um exemplar desse tipo, o valor não era lá muito amigável, a não ser que você tivesse muitas posses, e claro, paciência para esperar o tal copista passar meses escrevendo a obra.


Dessa forma, consideremos a imprensa um paradigma cultural hors concours*. Além disso, como eu disse acima, a imprensa propiciou as bases também da Revolução Científica, que por sua vez possibilitou o surgimento das tecnologias que vamos analisar nesse texto.

 

Os 5 paradigmas culturais pós-Gutenberg


Por paradigma cultural, você deve entender que estou falando de um evento que mudaria para sempre a forma como o ser humano lida com a cultura, as ciências e o conhecimento em geral.


Além disso, tais marcos históricos estão diretamente ligados à comunicação, às artes e também à publicidade, ao marketing e, consequentemente, ao comércio.


Dessa forma, vamos pensar em 5 deles, que são os seguintes:

  • Rádio

  • Cinema

  • Televisão

  • Internet

  • Web 3.0


A seguir, vamos falar um pouco sobre cada um. Continue comigo, pois é importante entender o final desse texto para também compreender em que contexto os criadores digitais farão a diferença daqui pra frente.

 

Primeiro paradigma cultural: o rádio


O rádio é um típico produto do século XIX, o século da industrialização.


Em 1888, o físico alemão Heinrich Hertz verificou, através de seus estudos, que havia variações de ondas eletromagnéticas que percorriam o ar. Seu sobrenome, até os dias de hoje, é ligado às ondas de rádio, e se você já ouviu uma estação AM ou FM da sua cidade, já deve ter ouvido falar em expressões como kilohertz e megahertz.


A descoberta de Hertz possibilitaria que, oito anos depois, o inventor italiano Gugliermo Marconi utilizasse tais conhecimentos para fazer a primeira transmissão telegráfica sem fio. Na mesma época, o inventor austríaco Nikola Tesla fazia experimentos semelhantes, de modo que uma polêmica se criou em torno do nome do verdadeiro inventor do rádio: Marconi ou Tesla.


Em 1943, a Suprema Corte americana deu o título oficialmente ao inventor austríaco.


Polêmicas à parte, foi apenas em 1906 que um experimento do americano Lee Forest possibilitou a introdução da voz nas ondas de rádio. Tal descoberta possibilitou, inclusive, que os exércitos da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) utilizassem o mecanismo para se comunicarem à distância, permitindo uma outra maneira de se guerrear.


Clique aqui para ler um artigo completo sobre a história do rádio.

 

Segundo paradigma cultural: o cinema


A primeira exibição de um filme ocorreu em Paris em 28 de dezembro de 1895 e foi promovida pelos irmãos Auguste e Louis Lumière, filhos do fotógrafo e fabricante de películas fotográficas Antoine Lumière.


O cinematógrafo, considerado por alguns como invenção dos irmãos Lumière e por outros como um aperfeiçoamento de outro equipamento chamado cinetoscópio, inventado pelo famoso Thomas Edison, permitia, segundo os próprios Auguste e Louis, capturar vários fotogramas (imagens fixas) e criar, através do movimento destes, uma ilusão de movimento.


Alguns dizem que é lenda e outros afirmam que não, mas reza-se que, no dia da exibição do curta-metragem “A chegada do trem na estação”, filme exibido pelos irmãos no dia 28 de dezembro de 1895, as pessoas teriam saído em disparada, pois pensaram que o trem invadiria a sala de exibição.


Assista abaixo ao filme "A chegada de um trem na estação", dos irmãos Lumière:

O cinema não tinha som até 1927, e alguns grandes astros do cinema mudo (tanto atores quanto diretores), imortalizados pela capacidade de fazerem as pessoas rirem e se emocionarem apenas através dos movimentos e da trilha sonora (que era tocada ao vivo por um piano ou pequena orquestra) são os seguintes:

  • Charles Chaplin

  • Harold Lloyd

  • Buster Keaton (o cara de pedra)

  • Georges Melièrs

  • Edwin Porter etc.

O primeiro filme falado, de 1927, foi O cantor de jazz, dirigido por Alan Crosland e estrelado por Al Jolson. Desde então, o cinema se tornou uma das indústrias mais lucrativas do mundo, criando não apenas a chamada Sétima Arte, mas também uma forma de comunicação que impacta áreas como educação, indústria, tecnologia e cultura em geral.

 

Terceiro paradigma cultural: A televisão


Um aparelho televisor funciona como um equipamento eletrônico que converte luz e som em ondas eletromagnéticas (entrada), reconvertendo tais ondas em luz e som novamente (saída).


Como em toda boa invenção, há uma polêmica envolvendo o pai da criança. Alguns dizem que o inventor do primeiro aparelho televisor teria sido o americano Philo Farnsworth, outros dizem que teria sido uma invenção do russo Vladimir Zworykin.


Após alguns anos de brigas judiciais, Philo é formalmente considerado o pai da TV, na década de 1920. Apesar disso, na década de 1940 Vladimir conseguiria reverter o caso na justiça, já que Philo havia se tornado alcoólatra e não tinha como pagar advogados, o que a NBC fez pelo inventor russo.


Até a década de 1950, os aparelhos televisores faziam transmissões apenas em preto e branco (também conhecido como p&b). A mesma NBC que apoiara Vladimir Zworykin nos tribunais foi a emissora a realizar a primeira transmissão colorida, no ano de 1954.

Desde então a TV se transformou praticamente em uma unanimidade nos lares de quase todo o mundo, mudando inclusive a configuração dos móveis da sala e a forma como as pessoas interagem após o jantar ou no domingo à tarde.

 

Quarto paradigma cultural: a internet


Além do surgimento da internet em si, vamos falar da Web 1.0 e da Web 2.0. Você vai entender o porquê de eu ter juntado as duas e ter considerado a Web 3.0 como o quinto paradigma cultural.

Continue comigo para entender.


A internet pode ser resumida como uma rede global de computadores interligados e seu funcionamento é possível graças aos chamados protocolos, sendo o mais conhecido deles o IP (protocolo de internet em português).


Outro elemento importante que vem junto com a internet, apesar de não ser a mesma coisa, é a world wide web (a rede que cobre o mundo), da qual falaremos daqui a pouquinho.


Ao contrário dos paradigmas culturais anteriores, a internet não é fruto do trabalho de inventores solitários ou visionários, mas sim do empenho do governo dos Estados Unidos, que financiou todas as pesquisas nesse sentido na década de 1960, em parceria com o Reino Unido e a França.


Inicialmente, a internet tinha intuitos científicos e militares, mas a partir da década de 1990, com o advento da transformação digital e a preparação para o terreno que levaria à IV Revolução Industrial, em vigor neste exato momento, a comercialização tornou-se inevitável, primeiro para as empresas privadas, depois para o consumidor final, ou seja, cada um de nós.


Como eu adiantei no começo desse tópico, internet e web são coisas distintas, mas correlatas.

Vamos então entender o que são Web 1.0 e Web 2.0. Segue comigo!


A teia que cobre o mundo (ou world wide web) é um tipo de documento conhecido como hipermídia, conceito criado pelo filósofo americano Ted Nelson (que previu o impacto da internet na cultura e no conhecimento) e que designa arquivos de mídia interativos. Outros termos muito comuns são hipertexto e hiperlink, ambos denotando interatividade e capacidade de ir de um endereço a outro dentro da grande teia.

A primeira geração da WWW, conhecida como Web 1.0, consistia em conteúdos estáticos, sem a possibilidade de muita interação entre usuário e conteúdo. O máximo que se podia fazer era criar fóruns, que permitiam a troca de mensagens de texto e alguns arquivos bem simples.


O grande benefício da Web 1.0 foi a democratização do acesso à informação.


A segunda geração da WWW, conhecida como Web 2.0, passou a permitir uma interação bem maior, tanto entre usuário e conteúdo, como entre usuário e usuário, e seu grande benefício reside no aumento da transformação de consumidores em criadores de conteúdo.


Nós estamos vivendo exatamente na fase de transição para a Web 3.0, que nós trataremos a seguir. Você poderá entender porque a Web 3.0, ao contrário de suas versões anteriores, representa um salto nunca antes visto.


Continue comigo, pois estamos caminhando para a reta final do nosso passeio histórico.

 

Quinto paradigma cultural: a web 3.0


A grande ruptura provocada pela Web 3.0 não está diretamente ligada a aspectos técnicos, mas sim conceituais. Isso se dá porque essa vai ser a era dos criadores digitais.


Se você acredita que os criadores de conteúdo já são a grande sensação agora, multiplique isso por dez e imagine como será em cinco ou dez anos.


Hoje, todo conteúdo criado não pode ser considerado inteiramente uma propriedade do seu criador, pois as plataformas onde tais conteúdos são inseridos, principalmente as Big Techs, têm o poder de vetar, censurar ou até mesmo apagar o que foi publicado.


Na Web 3.0, também conhecida como Web Semântica que será construída sobre uma estrutura blockchain, a mesma das criptomoedas, teremos o que podemos chamar de experiência digital livre, totalmente descentralizada.


A LGPD, Lei Geral de Proteção de Dados (versão brasileira da europeia GDPR), que entrou em vigor em 2020, veio para consolidar legalmente essa questão da privacidade da informação das pessoas naturais (você e eu), forçando ainda mais a migração da Web 2.0 para a Web 3.0.


Dentre os benefícios da Web 3.0, podemos citar cinco deles:

  • Busca semântica (mecanismos de busca inteligentes)

  • Assistentes de voz (Alexa e cia)

  • Carteiras digitais (criptomoedas)

  • NFT (Token Não Fungível, ou seja, não copiável)

  • Metaverso (ambientes de simulação e realidade aumentada)

Como você pôde perceber, a revolução ocasionada pela Web 3.0 é bem mais intensa que às causadas por suas antecessoras, pois a experiência do usuário muda radicalmente, além de dar o controle das coisas nas mãos de quem de fato criou aquele conteúdo, descentralizando e levando a democratização a um nível jamais visto antes.

E aí, você arrisca dizer qual será o sexto paradigma cultural? Eu não tenho essa coragem, mas o que sei é que estamos vivendo um momento único, e tudo o que conhecemos será profundamente impactado pelo quinto paradigma.


É isso!


Davi Valukas - Alpha EdTech


*Hors concours significa “fora do concurso”, expressão francesa que indica que aquele elemento está tão acima dos demais, que não pode entrar em uma competição com eles.


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