top of page
Writer's picturedavivalukas

Tecnologia no Campo: conheça 5 agrotechs brasileiras

Updated: Feb 1, 2023

Tecnologia no campo é um tema bastante atual, já que o agronegócio é um dos motores do nosso país, o que leva à necessidade de investimentos tecnológicos. 


E é sobre isso que vamos falar nesse artigo. 


Brasil: de país rural à industrialização


O Brasil, assim como a maior parte dos grandes países do mundo, tem uma forte tradição rural, o que é reforçado pelo processo de industrialização tardio em nosso país se o compararmos aos países pioneiros da Revolução Industrial.


Por isso, não é possível falarmos em tecnologia no campo em nosso país sem entendermos as matrizes culturais brasileiras.

  

Tradições culturais brasileiras 


O Brasil é um país miscigenado desde suas origens. Portugueses, indígenas e africanos estão em nosso DNA. Saliento que esse artigo não tem a pretensão de explorar a forma como se deram a miscigenação e a mestiçagem em nosso país, pois seria algo complexo que fugiria do nosso objetivo.  

O sociólogo Darcy Ribeiro classifica o Brasil como uma nação com cinco matrizes culturais distintas. São elas:


  • Caipira 

  • Sertaneja 

  • Sulina 

  • Cabocla 

  • Crioula 


Vamos entender cada uma delas.



Caipira 


Cultura expandida pelos bandeirantes, portugueses de origem judaica que exploravam as matas brasileiras nos séculos XVI e XVII, a matriz cultural caipira está presente nos seguintes locais:


  • Estado de São Paulo 

  • Sul de Minas Gerais 

  • Triângulo Mineiro

  • Norte do Paraná 

  • Tocantins 

  • Mato Grosso do Sul 

  • Goiás

  • Rondônia

  • Sul do Rio de Janeiro 


Esse extenso território forma o que os estudiosos chamam de antiga Paulistânia. Nas regiões litorâneas, há a cultura caiçara, que também é de matriz caipira.    


A título de curiosidade: eu escrevi esse artigo ao som de uma playlist do Spotify da dupla caipira Cascatinha & Inhana.


Sertaneja 


A matriz cultural sertaneja é sobretudo encontrada no interior dos estados do Nordeste, sobretudo na região da caatinga.


A cultura sertaneja é profundamente influenciada pelo medievalismo ibérico (principalmente português e espanhol), o que pode ser notado em símbolos ligados aos vaqueiros e na poesia de cordel.  


O termo “sertão” vem da palavra “desertão” (grande deserto) e era utilizada para se referir a quaisquer regiões de grande extensão pouco habitadas, mas acabou se consolidando para se referir especificamente ao Nordeste do Brasil.


Além disso, nos dias de hoje o termo é erroneamente utilizado para se referir a aspectos da cultura caipira.  


Sulina 


A matriz cultural sulina é a do sul do Brasil, com exceção do norte do estado do Paraná.


A matriz sulina é marcada tardiamente pela imigração alemã e italiana, traço que pode ser percebido na religiosidade e na produção de vinhos, para citar dois exemplos.


Além disso, é possível observar traços culturais comuns entre os sulinos, os argentinos e os uruguaios (estes últimos faziam parte do Brasil até o século XIX). O chimarrão é um exemplo disso. 


Cabocla 


A matriz cultural cabocla é encontrada sobretudo no norte do Brasil (Pará e Amazonas principalmente) e é profundamente marcada pela miscigenação entre europeus e indígenas. 


A floresta Amazônica é o elo natural entre todos os caboclos. 


Crioula


A matriz cultural crioula é encontrada principalmente nos estados da Bahia e do Rio de Janeiro. 


Exemplos de elementos de matriz crioula:


  • Feijoada 

  • Samba 

  • Capoeira 


É importante frisar que o trabalho dos bandeirantes permitiu que houvesse traços comuns entre as cinco matrizes culturais, pois o Brasil, apesar de continental, mantém traços em comum de norte a sul.


Industrialização brasileira     


Antes do século XIX, o máximo que o Brasil se aproximava da industrialização era com os engenhos de açúcar, concentrados principalmente no Nordeste. 


A industrialização tem início ainda no período imperial (século XIX), quando as primeiras indústrias de manufatura são instaladas após a abertura dos portos às nações amigas, em 1808, logo após a chegada da Família Real portuguesa em nosso território. 



Com as ideias do Barão de Mauá, principal industrial e banqueiro brasileiro da segunda metade do século XIX, temos a expansão da malha ferroviária nacional, responsável pela escoação de boa parte da produção. 


Contudo, havia resistência por parte da elite latifundiária ao fim da escravidão, já que era esse o tipo de mão de obra que mantinha as engrenagens em funcionamento, e ao surgimento de algum tipo de concorrência aos seus interesses econômicos atrasaram esse processo.


Cabe frisar que a Família Imperial brasileira, influenciada por ideias liberais e humanistas de origem europeia, tinha interesse em eliminar a escravidão e, apesar da tardia abolição em 1888, que pôs um ponto final na maior mácula de nossa história, atos como a aprovação da Lei do Ventre Livre, da Lei Eusébio de Queiroz e da Lei do Sexagenário foram ações dos nossos governantes da época para minar as forças da elite escravocrata, contrária às ideias abolicionistas.  

 

Êxodo rural: Getúlio Vargas e a industrialização 


Já no período republicano, a ascensão de Getúlio Vargas ao poder em 1930, após um golpe que derrubou a República Velha (café com leite), temos a fase mais intensa do nosso processo de industrialização. 


Com isso, tivemos também o fenômeno sociocultural conhecido como Êxodo Rural, que consistiu em uma migração em massa de populações rurais para os centros urbanos, o que pode ser atestado em músicas, revistas, jornais e novelas da metade do século XX. 


E por falar em cultura popular, o rádio e o disco são duas tecnologias que fizeram a trilha sonora dessas mudanças sociais.

Um fator específico estimulou o êxodo rural: a queda nas exportações do café, motor econômico do nosso país na primeira metade do século XX.


Foi nesse período que surgiram importantes estatais brasileiras, na esteira do pensamento nacional desenvolvimentista que domina a política brasileira desde o mandato presidencial de Juscelino Kubitschek. 


São elas:


  • Petrobras 

  • Companhia Siderúrgica Nacional (CSN)

  • Companhia Vale do Rio Doce (atual Vale)      


Tecnologia no Campo


Como vimos no início do presente artigo, nosso país tem cinco matrizes culturais, mas o que há em comum entre elas é que todas foram de alguma forma influenciadas (ou influenciadoras) da economia agrícola e/ou agropecuária, sobretudo na modalidade latifundiária.  


E falando em tecnologia no campo, vamos entender o que são as agrotechs (ou agTechs). 


Agrotech: o que é? 


Agrotechs são startups que criam soluções tecnológicas específicas para o agronegócio. 


Com o crescimento do agronegócio no Brasil, que ainda hoje é nosso motor econômico e nossa grande referência internacional, as agrotechs encontraram um nicho de mercado abundante.


Cabe reforçar que, segundo a Embrapa, o Brasil alimenta cerca de um quarto da população mundial através do agronegócio.


   

Conheça 5 agrotechs brasileiras 


Para fecharmos nossa reflexão sobre a tecnologia no campo, vamos conhecer 5 agrotechs brasileiras que têm feito a diferença nesse nicho de mercado. 


São elas: 


  • Strider Agro

  • Grão Direto

  • Agrosmart 

  • Olho do Dono 

  • Alluagro 


Continue comigo, pois estamos na reta final da nossa jornada pelo mundo da tecnologia no campo!


Strider Agro


Oferece soluções no monitoramento de propriedades e maquinário agrícola. 


A Strider Agro possui clientes em vários países além do Brasil, como México, Austrália, Bolívia e Estados Unidos. Se somarmos todos os clientes da empresa, as propriedades passam de 1 milhão de hectares. 


Em 2018 a Strider Agro foi adquirida pela multinacional Syngenta.  


Grão Direto 


Agrotech de Uberaba, no Triângulo Mineiro, que atua com a agilização dos processos de vendas de produtos agropecuários. 


A plataforma da Grão Direto disponibiliza oferta e demanda de produtos, facilitando o contato entre compradores e vendedores. Por conta disso, a empresa é conhecida popularmente como “Tinder do Agronegócio”.  


Agrosmart 


Empresa de monitoramento à distância, a Agrosmart ajuda os produtores rurais na tomada de decisões através da geração de dados sobre a propriedade. 


O mote da Agrosmart é a contribuição da tecnologia à sustentabilidade, produtividade e resiliência às mudanças climáticas. 


Olho do Dono


Empresa que cria soluções digitais para a pesagem de gado, a Olho do Dono utiliza câmeras 3D que tornam desnecessária a utilização de balanças. 


Segundo os gestores da empresa, a Olho do Dono alia inovação tecnológica a conhecimentos tradicionais da pecuária.  


Alluagro 


Empresa de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, a Alluagro é um marketplace baseado na filosofia da economia compartilhada que trabalha com inteligência em locação de máquinas e implementos agrícolas.


Similar ao modelo da Airbnb, a Alluagro cria um ambiente que facilita o contato entre produtores rurais e empresas de locação de maquinário.   


Empresa parceira: TerraMagna


Além das 5 agrotechs citadas no artigo, quero dar destaque a nossa parceira TerraMagna.


De São José dos Campos, terra onde nasceu o projeto Alpha EdTech, a TerraMagna está reinventando a forma como o crédito é subscrito, concedido e cobrado na agricultura brasileira, alavancando tecnologia e fontes de dados alternativas para transformar um processo arriscado e volátil em uma experiência simples e segura.


Com a TerraMagna, distribuidores, agroindústrias e agricultores têm acesso a crédito justo e os investidores têm ativos de alto rendimento, sem correlação no mercado e de alto volume para investir.


É isso!


Davi Valukas - Alpha EdTech




댓글 1개


Ricardo le duque
Ricardo le duque
2023년 2월 01일

Parabéns pelo ótimo artigo. Bem didático, com linguagem simples e de fácil entendimento. Certamente é um material que, na primeira oportunidade, utilizarei com os meus alunos.

좋아요
bottom of page