“As mulheres, como os sonhos, nunca são como as imaginamos”. Luigi Pirandello
Ontem e hoje
A relação das mulheres com o mundo do trabalho vem mudando drasticamente ao longo dos últimos séculos.
Até o século XVIII, quando eclodiu a I Revolução Industrial, as mulheres tinham atribuições sociais que giravam em torno dos cuidados domésticos e familiares. Enquanto isso, os homens eram os provedores do lar.
Cabe ressaltar que não podemos incorrer em anacronismos, o que significa dizer que não é possível entendermos o processo histórico sem refletirmos sobre o contexto em que cada época esteve inserida. Em outras palavras, precisamos de um olhar cuidadoso sobre esse tema.
Com o surgimento das fábricas, a necessidade de mão de obra aumentou drasticamente. Por conta disso, as mulheres passaram a ser aceitas não mais como donas de casa e mães, mas também como trabalhadoras, assim como os homens sempre haviam feito.
Tais mudanças reconfiguraram a sociedade europeia (berço da Revolução Industrial) e trouxeram a possibilidade, antes remota, de as mulheres construírem uma carreira independente dos maridos. Podemos dizer, portanto, que o avanço do capitalismo industrial possibilitou às mulheres uma posição no mercado de trabalho.
É evidente que a coisa não foi um mar de rosas e passou por um longo processo até que isso fosse possível.
As condições de trabalho geralmente eram insalubres, tanto para homens como para mulheres, e todos trabalhavam cerca de 15 horas por dia. Para piorar, as mulheres ganhavam um salário que poderia chegar à metade do salário dos homens.
Fora do continente europeu, esse processo foi mais demorado ainda. No Brasil, por exemplo, foi apenas em 1943, ano em que surgiu a Consolidação das Leis do Trabalho, que as mulheres passaram a ter direitos trabalhistas como os homens.
Hoje, ainda há discrepâncias, mas podemos dizer que as mulheres conquistaram um bom espaço no mercado de trabalho.
As mulheres no mercado de trabalho hoje
Há vários estudos sociológicos e econômicos sobre as diferenças salariais entre homens e mulheres. Em nosso país, a legislação vigente proíbe que pessoas que executam a mesma função ganhem salários diferentes por motivos de gênero, raça, credo ou origem social.
Alguns especialistas apontam as ainda existentes diferenças salariais entre homens e mulheres em decorrência de as carreiras preferidas pela mulher, em geral, pagarem menos que as carreiras preferidas pelos homens.
Outros apontam fatores como licença-maternidade para explicar as diferenças. Há diversas outras explicações, e o nível de polêmica do assunto é interminável.
Entretanto, o que todos podem (e devem) dizer é que o avanço da tecnologia, da democracia e das liberdades civis vêm possibilitando que atividades antes executadas por um público restrito hoje sejam pleiteadas por um número mais abrangente de trabalhadores.
Women in Tech
Desde 2014, a plataforma Women in Tech (clique aqui para conhecer) fomenta a participação das mulheres na área de tecnologia nos países nórdicos.
Trata-se de uma organização sem fins lucrativos que conta com o apoio de mais de 20 grandes empresas suecas e que vem fazendo um grande trabalho no âmbito da inclusão e da diversidade.
Esse trabalho pode servir de inspiração para que mulheres brasileiras possam também não apenas pleitear um lugar ao sol nesse mercado preenchido 80% por homens, mas também se unirem com o intuito de engajar outras mulheres, demonstrando a força da união feminina.
Mulheres no Mercado de TI
Como eu disse na seção anterior, as mulheres representam hoje apenas 20% da mão de obra no mercado de TI.
É certo que todos devem ter a liberdade de escolherem suas carreiras, e mulheres em geral optam por carreiras em educação, recursos humanos, administração e saúde. Não se trata, portanto, de forçar uma demanda artificial.
Trata-se, pelo contrário, de garantir àquelas mulheres que preferem trilhar um caminho menos ortodoxo que as portas estarão abertas a elas.
3 exemplos inspiradores
Conheça três mulheres que fizeram história, mesmo em épocas mais difíceis. São elas:
Condessa de Lovelace (1815-1852)
Augusta Ada Lovelace, Condessa de Lovelace, foi uma matemática analítica e escritora britânica que viveu no século XIX e detém o feito de ser a primeira programadora de computadores, já que escreveu o algoritmo que seria utilizado na famosa máquina analítica de Charles Babbage. Era filha do poeta e barão Lord Byron.
Irmã Mary Kenneth Keller (1913-1985)
Freira e cientista da computação americana, foi a primeira pessoa a adquirir um doutorado em Ciências da Computação nos Estados Unidos. Mary estava na equipe da Fundação Nacional de Ciências responsável pela criação da linguagem de programação BASIC (Beginner's All-purpose Symbolic Instruction Code, ou Código de Instruções Simbólicas de Uso Geral para Principiantes). Ela, além de freira, foi grande defensora da inclusão de mulheres no mercado de TI. Por conta disso, existe hoje uma bolsa de estudos com seu nome na Universidade Clarke.
Grace Hopper (1906-1992)
PhD em matemática, almirante da Marinha dos Estados Unidos e uma das primeiras programadoras da calculadora eletromecânica Harvard Mark I. A linguagem de programação COBOL (Common Business Oriented Language, ou Linguagem Comum Orientada a Negócios), muito utilizada em sistemas bancários por muitas décadas, foi inspirada em algumas ideias defendidas por Grace, que também foi professora universitária.
Conclusão
Apesar das dificuldades que obviamente existem para as mulheres que desejam atuar no mercado de TI, não é algo impossível, e a história das três mulheres citadas acima demonstra isso.
Se você deseja ser uma profissional da área, torço para que esse artigo te motive a lutar por isso, mesmo que algumas barreiras inerentes insistam em te dizer que não é possível.
Um abraço!
Davi Valukas - Alpha EdTech
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